27 de maio de 2015

Confusão

As palavras giram num turbilhão cruzado por sentidos esquecidos e expressões recentes. Nada faz sentido. Nem uma bússola serviria para navegar neste imenso oceano de línguas sobrepostas. Quero-me expressar, mas não consigo. Parece mesmo que até já perdi o controlo sobre a língua com quem me tornei gente, que me deu as armas para enfrentar os mais variados desafios. Sinto-me confusa e certas vezes temo roçar a demência. Será só extrema análise dos acontecimentos? Ou será mesmo o perder de faculdades antes tidas como garantidas? Sempre pensei que a minha língua nunca me fosse falhar, mas mesmo tentando buscar nela a melhor expressão dos meus pensamentos, fico de mãos vazias tentando tocar nas profundezas da minha memória, sem nunca sentir nada entre os dedos. Impotência. Ser incapaz de articular com a clareza necessária que evita o constrangimento de querer falar e não conseguir. Parecer aos olhos e ouvidos dos outros um ser que ainda está a aprender a interligar pensamentos, sem porém ainda não se conseguir fazer entender. Frustração. Tristeza. Auto-flagelação. Terá tudo isto um final? 

2 comentários:

  1. "Sinto-me confusa e certas vezes temo roçar a demência. Será só extrema análise dos acontecimentos?" Ora aí está! Não consegui, em tantas frases que tenho rabiscado, sucintamente fazer esta pergunta! A repetida e exaustiva análise dos acontecimentos deturpa a verdadeira memória, já estende um lençol de ficção sobre a nossa percepção do real e do que nos rodeia... snap out of it!

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  2. Fico feliz por te ter dado a frase sucinta que procuravas :)

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